Dharma

dharma

A palavra dharma é derivada da raiz sânscrita dhr, que possui alguns significados, sendo os principais “existir, viver, continuar”, e “segurar, suportar, sustentar”. A própria palavra dharma acabou sendo usada numa larga variedade de sentidos, na maioria relacionados com as traduções mais comuns: retidão, virtude, dever.

Num sentido mais amplo, dharma refere-se à natureza ou caráter de alguma coisa. Nessa ordem de idéias, é possível falar do dharma de um objeto inanimado, ou de plantas e animais. O dharma, ou natureza, do fogo é calor e luz. O dharma de uma vaca inclui dar leite e pastar. O dharma da vaca não inclui ficar à espreita e matar presas.

A natureza do ser humano, como ensina Vedānta, é a plenitude absoluta. É em relação ao indivíduo que não reconheceu sua própria plenitude que dharma pode ter diversas nuanças de significado.

Todos os objetivos que alguém procura na vida cabem em quatro categorias: segurança, prazer, dharma e liberação. Os desejos de riqueza e segurança e de prazeres sensoriais são partilhados por todos os seres vivos. Quando se trata de animais, a busca desses bens é governada pelo instinto. A vaca masca a grama por instinto, não por escolha. Toda ação envolve escolha de finalidades e meios para atingir um dado objetivo. Cada um pode agir em harmonia com sua natureza, em contato com outros indivíduos ou dentro da sociedade – ou pode não fazê-lo. Assim, para o ser humano, são valores que governam as ações ou a busca de segurança e prazer. Uma vez que valores são sujeitos a variações e mudanças, cada um deve ter um conjunto de linhas de conduta que governe seus valores.

Esse conjunto – a ética – é chamado dharma. Dharma inclui tanto uma ética do bom senso, escolher minhas ações de maneira a não agredir os outros, como uma ética religiosa, que diz não me ser possível escapar dos resultados das minhas ações. Ações corretas ou incorretas levam a resultados conseqüentes, seja nesta vida, seja depois dela.

O quarto objetivo desejado – o que dá fim a todos os demais desejos e objetivos – é moka, a liberação. Liberação é o reconhecimento da própria natureza como plenitude e totalidade. A pessoa liberada, plena, não tem mais desejos, e sua vida só pode estar em harmonia com tudo que a cerca. É um exemplo vivo de dharma a ser seguido por todos. Até que se alcance essa plenitude, as leis do dharma se mantêm como linhas de ação que norteiam a vida. Vivendo uma vida reta e virtuosa, a pessoa prepara a mente para receber o ensinamento que lhe trará moka.

artigo retirado do site www.vidyamandir.org.br